Cantai, Cantai, raparigas
Cantai sempre ao S. João
Porque ele paga as cantigas
Com muito bom coração.
A fonte da devoção
Lá por trás do convento
Fê-la talvez S. João
P´rás vésperas de casamento.
Na fonte, num dos recantos
Pedi-te um beijo e a seguir
Deste-me um ... e depois tantos
Mas por fim sem os pedir.
Nosso Senhor concedeu
Ao Santo por atenção
Que se cantasse no céu
A moda do S. João.
Às vezes bota o S. Pedro
E zanga-se o S. João
E a sorrir Nossa Senhora
Apazigua a questão.
Não tenhas medo, Maria
Pois a ninguém vou contar
Que a chorar pediste um dia
A S. João para casar.
Num pergaminho doirado
Diz uma lenda suave
S. João Baptizou Cristo
Nas águas do Rio Ave.
E foram as rndilheiras
Que fizeram ao serão
Um vestido caprichoso
Para dar ao S. João.
Em paga de tal oferta
O S. João obrigado
Resolveu casá-las todas
Com noivos de seu agrado.
Por isso com alegria
As rendilheiras lá vão
Festejar com brilho o dia
Do seu querido S. João.
Não vos canseis raparigas
De cantar ao S. João
Aquelas doces cantigas
Que vos dita o coração.
Quando ouve as rendilheiras
S. João de lá responde –
As raparigas mais lindas
São as de Vila do Conde.
DUARTE SILVA
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